segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Pula


Vai, pula.
Fecha os olhos e pula. Infla o peito e pula.
Mas na noite anterior, não dorme. Vê o sol se pôr mais uma vez. Vê que até ele na magnitude da tua grandeza se põe. Mas vê que nos momentos mais negros, as estrelas sorriem. Vê que a lua brilha no escuro, vê que ela aparece e ilumina a tua noite. Vê. Vê a escuridão brilhar e ir embora. Vê o sol nascendo. Vê a escuridão se convertendo em luz e ouve os pássaros cantarem celebrando o fim da negritude. Vê a festa das nuvens e ouve o canto dos ventos.
Admira as folhas bailarem ao ritmo da manhã.
Vê o azul ingênuo do céu, vê o desenho das nuvens. Sorri para as copas das árvores. Vai; faz da tua janela um quadro.
Corre com os olhos por toda a paisagem, fecha os olhos com força e vê que não é sonho.
Deixe que a chuva escorra pelas tuas mãos. Se despe do que é banal. Deixe que as gotas apostem corrida na janela do teu quarto.
Toma um banho e deixa a sujeira da tua alma escorrer pelo ralo. Atravessa o vapor como se fosse concreto e se encara no espelho embaçado.
Encara o vazio e sorri para o nada.
Não ligue para o sol que já se esconde, pois a lua volta toda noite, a noite toda. Sorri para o horizonte de prédios que engole o sol. Deixa ele ir, tudo bem. Tudo tem hora certa. Quando ele voltar amanhã, certamente não será mais o mesmo. Então se despede.
Olha para a tua janela uma última vez e vem.
Vai, pula.
Sente a última brisa da tua vida te cortar o rosto.
Vai.
Vem.

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