Corria pelos campos a procura de buracos onde pudesse cair. Buscava por teu País das Maravilhas pois se tudo mudasse talvez tudo houvesse de melhorar.
Não dormia a noite no aguardo de um sussurrar na sua janela. Esperava por tua Terra do Nunca pois se os relógios parassem de correr talvez houvesse mais tempo para eternizar seus momentos bons em voos. Acharia desenhos nas nuvens e tornaria-los reais.
E assim cresceu, em noites acordadas desejando as estrelas e em dias de grama molhada e pés descalços. Correndo pelos campos a procura de magia... Pois em um mundo de magia não existem acertos, não existem verdades... Em um mundo de magia nada seria o que parece, as histórias correriam e os sonhos se transformariam em poesia... As palavras à levariam a viajar em um passeio sem rumo e sem mapas.
Não dormia mas sonhava. A Lua não sorria para ela mas ela sorria para a Lua. E assim foi, cresceu. Atrás de rodopios e quedas. Cresceu.
Cresceu entre tropeços, entre repentes e descasos. Cresceu tropeçando, e de tanto tropeçar caiu no mundo. Cresceu como deu, espremida nos espaços que o mundo lhe abriu. Foi por dentro o que não foi por fora e foi por fora o que não coube dentro. Apanhou das palavras, apanhou dos seus medos. Apanhou de si mesma, vez que outra. Se comprimiu e chorou nas esquinas da vida quando as ruas ficaram escuras e suas estrelas não brilharam. Os anjos colocaram estrelas no seu teto quando a noite não tinha luar.
Foi, veio. Passou. Cresceu como deu, como foi.
Passou, cresceu.
Não dá pra voltar; mas se houvesse jeito, ela não voltaria.
Não viveu como Alice pois suas asas não lhe deixariam cair.
Não viveu como Peter Pan pois seus pés mantinham-se fixos no chão.
Viveu como foi, como deu.
Cresceu.
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