Corria pelos campos a procura de buracos onde pudesse cair. Buscava por teu País das Maravilhas pois se tudo mudasse talvez tudo houvesse de melhorar.
Não dormia a noite no aguardo de um sussurrar na sua janela. Esperava por tua Terra do Nunca pois se os relógios parassem de correr talvez houvesse mais tempo para eternizar seus momentos bons em voos. Acharia desenhos nas nuvens e tornaria-los reais.
E assim cresceu, em noites acordadas desejando as estrelas e em dias de grama molhada e pés descalços. Correndo pelos campos a procura de magia... Pois em um mundo de magia não existem acertos, não existem verdades... Em um mundo de magia nada seria o que parece, as histórias correriam e os sonhos se transformariam em poesia... As palavras à levariam a viajar em um passeio sem rumo e sem mapas.
Não dormia mas sonhava. A Lua não sorria para ela mas ela sorria para a Lua. E assim foi, cresceu. Atrás de rodopios e quedas. Cresceu.
Cresceu entre tropeços, entre repentes e descasos. Cresceu tropeçando, e de tanto tropeçar caiu no mundo. Cresceu como deu, espremida nos espaços que o mundo lhe abriu. Foi por dentro o que não foi por fora e foi por fora o que não coube dentro. Apanhou das palavras, apanhou dos seus medos. Apanhou de si mesma, vez que outra. Se comprimiu e chorou nas esquinas da vida quando as ruas ficaram escuras e suas estrelas não brilharam. Os anjos colocaram estrelas no seu teto quando a noite não tinha luar.
Foi, veio. Passou. Cresceu como deu, como foi.
Passou, cresceu.
Não dá pra voltar; mas se houvesse jeito, ela não voltaria.
Não viveu como Alice pois suas asas não lhe deixariam cair.
Não viveu como Peter Pan pois seus pés mantinham-se fixos no chão.
Viveu como foi, como deu.
Cresceu.
sábado, 20 de agosto de 2011
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Pula
Vai, pula.
Fecha os olhos e pula. Infla o peito e pula.
Mas na noite anterior, não dorme. Vê o sol se pôr mais uma vez. Vê que até ele na magnitude da tua grandeza se põe. Mas vê que nos momentos mais negros, as estrelas sorriem. Vê que a lua brilha no escuro, vê que ela aparece e ilumina a tua noite. Vê. Vê a escuridão brilhar e ir embora. Vê o sol nascendo. Vê a escuridão se convertendo em luz e ouve os pássaros cantarem celebrando o fim da negritude. Vê a festa das nuvens e ouve o canto dos ventos.
Admira as folhas bailarem ao ritmo da manhã.
Vê o azul ingênuo do céu, vê o desenho das nuvens. Sorri para as copas das árvores. Vai; faz da tua janela um quadro.
Corre com os olhos por toda a paisagem, fecha os olhos com força e vê que não é sonho.
Deixe que a chuva escorra pelas tuas mãos. Se despe do que é banal. Deixe que as gotas apostem corrida na janela do teu quarto.
Toma um banho e deixa a sujeira da tua alma escorrer pelo ralo. Atravessa o vapor como se fosse concreto e se encara no espelho embaçado.
Encara o vazio e sorri para o nada.
Não ligue para o sol que já se esconde, pois a lua volta toda noite, a noite toda. Sorri para o horizonte de prédios que engole o sol. Deixa ele ir, tudo bem. Tudo tem hora certa. Quando ele voltar amanhã, certamente não será mais o mesmo. Então se despede.
Olha para a tua janela uma última vez e vem.
Vai, pula.
Sente a última brisa da tua vida te cortar o rosto.
Vai.
Vem.
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