terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Olhos de Prata


Toquei sua pele fria. Corri com meus dedos sobre sua face. Repousei meu rosto sobre seu peito. Não ouvi pulsar de coração algum. Deixei que corressem as primeiras lágrimas de meus olhos. Gritei meu pranto engalfinhada no conforto do seu corpo. Mergulhei minhas mãos em seus cabelos e a chuva começava a cair sobre minhas costas. Deixei que minhas lágrimas se dissolvessem na água e fechei teus olhos. Você tinha olhos de prata, não olhos de morte. Quis abri-los novamente. Quis sentir o sangue correndo em tuas veias. Desejei ser beijada. Nas mãos, na face, nos lábios. Quis sentir teu toque.
Meu coração se comprimiu em agonia. Te abraçava em eternos segundos de desespero e uma tempestade de sentimentos molhava nossos corpos.
Olhos nos olhos, mesmo estando fechados. Os seus prateados de morte, os meus marejados de dor.
Vejo teu sorriso de lua minguante nas noites escuras e vejo teus olhos de mar prateado a me observar. Mas não sinto mais seu toque. Não me vejo flutuar em alegria ao sentir tuas mãos nas minhas.
No concreto da calçada deixei que escorresse nas minhas lágrimas os meus sorrisos sinceros.
Sussurrei 'adeus' ao pé do teu ouvido e deixei-te partir com os olhos embaçados de cimento e dor.

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