As palavras se estiravam como corpos sobre um papel, deixando que o menino caminhasse sobre elas.
Ele distribuía as frases e compunha histórias em uma corda-bamba de pensamentos.
O moleque caminhava sobre uma corda-bamba de corpos em direção ao amanhecer.
Caminhava descalço e sentia seus pés esmagarem cada rosto, cada coração, cada vida. Se equilibrava com os braços.
Cheiro de hálito noturno, suor, dor e morte invadiram sua mente.
O céu prateado o fazia lembrar que se caísse, não só estaria morto como completamente sozinho.
Sozinho.
Isso doía nele muito mais do que qualquer queda e do que qualquer anseio.
Era esse sentimento de abandono que corria em cada veia do seu corpo ossudo.
O céu estava prateado e refletia o brilho triste do sol que pouco nascera.
Sozinho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário